Colocando a generosidade como principal pilar da sua forma de liderar, Fábio Ennor Fernandes faz com que cidades brasileiras ganhem força e destaque frente à desafios globais
Contar para quem conhece Fábio Ennor Fernandes que ele não é natural de Ribeirão Preto provavelmente será uma surpresa ou até soará como mentira. Afinal, como assim um dos principais líderes regionais não é da cidade?
Se a certidão de nascimento diz que São Paulo é sua cidade natal, o empresário logo esclarece para quem quiser ouvir: “Eu só nasci em São Paulo. Meu coração é dessa cidade que me acolheu muito bem e me deu tantas oportunidades”. O sentimento, por sua vez, se provou recíproco em junho de 2022, quando recebeu o título de Cidadão Ribeirão-pretano.
Mas reivindicar esse líder nato para uma cidade só pode ser egoísmo e até a Organização das Nações Unidas (ONU) parece saber disso, uma vez que Fernandes acaba de ser nomeado porta-voz do Pacto Global no Brasil para a ODS 11, ou seja, uma das lideranças dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que devem ser atingidos até 2030.
O novo papel oficializa sua liderança frente a um importante movimento que parte das cidades do interior em direção ao mundo, e que, muito antes do convite ser feito, já estava sendo colocando em prática por ele em mais de 80 cidades consideradas de pequeno porte. “É uma honra estar nesse grupo para tentar ajudar e, ao mesmo tempo, cumprir meu projeto de vida”, garante.
Líder do próprio tempo
Antes de falar sobre o que chama de projeto de vida, é importante entender a jornada que levou Fernandes até ele – porque nada foi por acaso e sim resultado de decisões conscientes, especialmente uma tomada aos 22 anos. “Na época, tinha me mudado para São Paulo e estava trabalhando em turnos, acordando às 3h da manhã. Então, pensava: ‘não é possível que Deus me colocou no mundo para acordar a essa hora’. Percebi ali que precisava ter um plano de vida para, pelo menos, acordar a hora que queria. Isso foi muito importante e meu projeto de vida teve a primeira faísca ali”, lembra, ressaltando não acreditar em “jeito certo ou errado; apenas foi o que escolhi para tocar a minha vida”.
E qual era a ideia? Montar uma estratégia para trabalhar em troca de tempo livre e não de dinheiro. “Pensei em trabalhar de um jeito que as coisas não dependessem de mim. Eu só me envolvo em algo podendo depois delegar a um responsável, ou entro para ajudar a acelerar um projeto, mas em nada que dependa exclusivamente do meu tempo. Foi uma estratégia simples, porém eficaz, com a qual acabei conseguindo tempo na minha vida. Não era rico, mas tinha tempo”.
A estratégia, que foi até transformada no seu livro “Quanto vale o seu tempo?”, publicado em 2021, nem de longe significa ausência de projetos; pelo contrário. Já naquela época, quando a ideia surgiu, ele começou a estabelecer os pilares que sustentariam sua vida. O primeiro foi fundando uma importadora/exportadora, na qual ainda está envolvido; em seguida, começou a dar palestras sobre liderança e administração de tempo, que o colocaram no radar dos principais grupos empresariais.
“Depois de um bom tempo dando palestras, fui convidado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para ajudar a coordenar o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios. Isso foi muito importante porque virei o ‘Fábio da GV’ e comecei a entender o valor do networking. Nesse papel, passei a me conectar e convidar grandes nomes para falar no Centro e fazer eventos com o objetivo de inspirar. Acredito que, quando inspiramos as pessoas, coisas boas voltam para a gente”, ensina.
Para Fernandes, a melhor forma de fazer networking é se colocar à disposição para ajudar. “Por isso também acredito e falo sempre que estamos na Era da Generosidade. Ao dizer isso, não estou falando de caridade, que é importante também. Mas é a generosidade que deve existir, senão por caráter, por inteligência. Porque as coisas voltam. Eu adotei isso na minha vida e busco incentivar as pessoas a fazerem o mesmo: a ajudar”.
Essa lei do retorno não tardou a agir sobre o empresário, que, por meio da FGV, conheceu o LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, que o projetaria definitivamente como um líder e o traria mais uma vez a Ribeirão Preto.
“Acredito que, a partir do momento que juntamos gente boa, sai coisa boa. Então, dou chances à sorte. Quando você junta pessoas do bem, tem quem case, faça um amigo, consiga um investidor, abra uma empresa, encontre um parceiro… acontece muita coisa boa. É só semear o terreno para o crescimento”.
De volta ao interior
Atualmente presente em mais de 17 países e com líderes de 1.700 empresas, o LIDE já estava bem estabelecido nas capitais quando Fernandes foi convidado, por João Doria, para abrir uma unidade de negócios do Grupo na sua cidade do coração. Com ajuda de Maurílio Biagi, que já era do LIDE matriz, e de Chaim Zaher, eles abraçaram a oportunidade, transformando-a em uma forte unidade com mais de 100 empresários.
“Hoje, o LIDE Ribeirão é um dos principais do sistema como um todo; um verdadeiro laboratório de alta performance para testar modelos que vão para outras unidades. Tanto que fui convidado para cuidar da expansão global do Grupo, com a missão de fortalecer as unidades existentes e abrir onde não tem, dentro e fora do país”, explica o ainda presidente-executivo da unidade em Ribeirão Preto, que agora tem como sócio o advogado Marcelo Salomão.
Paralelamente, sua vida pessoal também foi se fortalecendo em um novo rumo: a construção de uma família, que teria como lar a cidade de Catanduva, onde morava os parentes de sua esposa e a 387km da capital paulista. Foi nesse novo ambiente que a faísca do seu projeto de vida ganhou ignição. “Toda a experiência que tinha até ali, eu juntei e pensei em como transformar em um modelo aplicável na cidade, que, até então, não tinha nada nesse sentido de empreendedorismo, inovação, espaço de ideias. Então, peguei um papel e fui anotando 33 nomes de pessoas formadoras de opinião de acordo com a família da minha esposa. Nada formal. E também não era questão de ter dinheiro ou empresa grande. Para entrar na minha lista, a questão era ser gente boa. Porque eu queria fazer amigos. É o conceito de uma rede social, mas presencial”.
O resultado foi uma lista com 99 empresários de todos os níveis – mas “do bem”, como enfatiza Fernandes –, os quais receberam um convite para um happy hour em um bar da cidade, onde foi discutido, de forma organizada, interesses em comum e conteúdos legais. Pronto! Nascia ali o Walking Together, projeto da vida do empresário e que levou ao convite do Pacto Global.
Andando juntos
Aquele encontro no bar, sem grandes pretensões, mas com método, se consolidou como uma rede que cria e opera ecossistemas de conteúdo, entretenimento e negócio, exclusivamente em cidades com menos de 377 mil habitantes no Brasil e o mundo. “Nossa proposta de valor é juntar as pessoas mais gente boa que vivem nos pequenos centros com três motivos: ajudar em causas nobres; fazer negócios; e se divertir. Se um dos três acontecer, o resultado já foi positivo”, avalia o idealizador da plataforma de impacto econômico social presente em seis estados brasileiros e passando por mais de 80 municípios.
A ideia defendida por Fernandes com esse modelo exclusivo para cidades pequenas é que elas são maioria no mundo e precisam ser desenvolvidas, principalmente para enfrentar os grandes desafios globais.
“Muitas pesquisas preveem problemas decorrentes de caos urbanos nos principais centros do mundo. E como podemos ajudar? Iluminando as pequenas cidades, mostrando a sua viabilidade, provando que não é preciso ir para as grandes cidades atrás de emprego, de oportunidades ou de empreendedorismo. Precisamos é desenvolver os pequenos centros para as pessoas ficarem lá, trazendo alternativas”, aponta. O problema, inclusive não faz parte apenas da realidade brasileira, visto que, por exemplo, Portugal já enfrenta desertos habitacionais no interior e a Itália tem casas vendidas a 1 euro para atrair moradores.
“O futuro mora no interior. Com isso, estamos falando geográfica e individualmente. Precisamos refletir o que queremos para a nossa vida e para o mundo”.
Consequentemente, a missão do Walking Together se alinha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU no Pacto Global, em especial o 11º, sobre “Cidades e Comunidades sustentáveis”.
A respeito dele, Fernandes explica que “é uma ODS muito versátil, visto que tudo acontece nas cidades. Mobilidade, educação, clima – tudo se manifesta e se conecta nas cidades. Ou seja: tem muito a ver com o meu projeto de vida que é o Walking Together. Foi isso que eles viram em mim. Que através dos meus movimentos, das minhas ações, eu poderia agregar à causa”.
Signatária do Pacto Global mesmo antes de seu idealizador se tornar porta-voz da ODS 11, os encontros de líderes promovidos pela plataforma agora contam com o momento “Pacto Global da ONU”, buscando disseminar seus princípios, tirar dúvidas e engajar os participantes com as ODS (não só a 11), a partir da avaliação de oportunidades e multiplicando ações.
É assim que Fábio Ennor Fernandes segue liderando esse que vê como um oceano azul para novas oportunidades, além de seu próprio tempo. “Eu busco ter uma vida para colecionar bons momentos e o Walking Together é um bom momento; é ele meu projeto de vida”, define.
O futuro mora no interior
Colocando a generosidade como principal pilar da sua forma de liderar, Fábio Ennor Fernandes faz com que cidades brasileiras ganhem força e destaque frente à desafios globais
Contar para quem conhece Fábio Ennor Fernandes que ele não é natural de Ribeirão Preto provavelmente será uma surpresa ou até soará como mentira. Afinal, como assim um dos principais líderes regionais não é da cidade?
Se a certidão de nascimento diz que São Paulo é sua cidade natal, o empresário logo esclarece para quem quiser ouvir: “Eu só nasci em São Paulo. Meu coração é dessa cidade que me acolheu muito bem e me deu tantas oportunidades”. O sentimento, por sua vez, se provou recíproco em junho de 2022, quando recebeu o título de Cidadão Ribeirão-pretano.
Mas reivindicar esse líder nato para uma cidade só pode ser egoísmo e até a Organização das Nações Unidas (ONU) parece saber disso, uma vez que Fernandes acaba de ser nomeado porta-voz do Pacto Global no Brasil para a ODS 11, ou seja, uma das lideranças dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que devem ser atingidos até 2030.
O novo papel oficializa sua liderança frente a um importante movimento que parte das cidades do interior em direção ao mundo, e que, muito antes do convite ser feito, já estava sendo colocando em prática por ele em mais de 80 cidades consideradas de pequeno porte. “É uma honra estar nesse grupo para tentar ajudar e, ao mesmo tempo, cumprir meu projeto de vida”, garante.
Líder do próprio tempo
Antes de falar sobre o que chama de projeto de vida, é importante entender a jornada que levou Fernandes até ele – porque nada foi por acaso e sim resultado de decisões conscientes, especialmente uma tomada aos 22 anos. “Na época, tinha me mudado para São Paulo e estava trabalhando em turnos, acordando às 3h da manhã. Então, pensava: ‘não é possível que Deus me colocou no mundo para acordar a essa hora’. Percebi ali que precisava ter um plano de vida para, pelo menos, acordar a hora que queria. Isso foi muito importante e meu projeto de vida teve a primeira faísca ali”, lembra, ressaltando não acreditar em “jeito certo ou errado; apenas foi o que escolhi para tocar a minha vida”.
E qual era a ideia? Montar uma estratégia para trabalhar em troca de tempo livre e não de dinheiro. “Pensei em trabalhar de um jeito que as coisas não dependessem de mim. Eu só me envolvo em algo podendo depois delegar a um responsável, ou entro para ajudar a acelerar um projeto, mas em nada que dependa exclusivamente do meu tempo. Foi uma estratégia simples, porém eficaz, com a qual acabei conseguindo tempo na minha vida. Não era rico, mas tinha tempo”.
A estratégia, que foi até transformada no seu livro “Quanto vale o seu tempo?”, publicado em 2021, nem de longe significa ausência de projetos; pelo contrário. Já naquela época, quando a ideia surgiu, ele começou a estabelecer os pilares que sustentariam sua vida. O primeiro foi fundando uma importadora/exportadora, na qual ainda está envolvido; em seguida, começou a dar palestras sobre liderança e administração de tempo, que o colocaram no radar dos principais grupos empresariais.
“Depois de um bom tempo dando palestras, fui convidado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para ajudar a coordenar o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios. Isso foi muito importante porque virei o ‘Fábio da GV’ e comecei a entender o valor do networking. Nesse papel, passei a me conectar e convidar grandes nomes para falar no Centro e fazer eventos com o objetivo de inspirar. Acredito que, quando inspiramos as pessoas, coisas boas voltam para a gente”, ensina.
Para Fernandes, a melhor forma de fazer networking é se colocar à disposição para ajudar. “Por isso também acredito e falo sempre que estamos na Era da Generosidade. Ao dizer isso, não estou falando de caridade, que é importante também. Mas é a generosidade que deve existir, senão por caráter, por inteligência. Porque as coisas voltam. Eu adotei isso na minha vida e busco incentivar as pessoas a fazerem o mesmo: a ajudar”.
Essa lei do retorno não tardou a agir sobre o empresário, que, por meio da FGV, conheceu o LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, que o projetaria definitivamente como um líder e o traria mais uma vez a Ribeirão Preto.
De volta ao interior
Atualmente presente em mais de 17 países e com líderes de 1.700 empresas, o LIDE já estava bem estabelecido nas capitais quando Fernandes foi convidado, por João Doria, para abrir uma unidade de negócios do Grupo na sua cidade do coração. Com ajuda de Maurílio Biagi, que já era do LIDE matriz, e de Chaim Zaher, eles abraçaram a oportunidade, transformando-a em uma forte unidade com mais de 100 empresários.
“Hoje, o LIDE Ribeirão é um dos principais do sistema como um todo; um verdadeiro laboratório de alta performance para testar modelos que vão para outras unidades. Tanto que fui convidado para cuidar da expansão global do Grupo, com a missão de fortalecer as unidades existentes e abrir onde não tem, dentro e fora do país”, explica o ainda presidente-executivo da unidade em Ribeirão Preto, que agora tem como sócio o advogado Marcelo Salomão.
Paralelamente, sua vida pessoal também foi se fortalecendo em um novo rumo: a construção de uma família, que teria como lar a cidade de Catanduva, onde morava os parentes de sua esposa e a 387km da capital paulista. Foi nesse novo ambiente que a faísca do seu projeto de vida ganhou ignição. “Toda a experiência que tinha até ali, eu juntei e pensei em como transformar em um modelo aplicável na cidade, que, até então, não tinha nada nesse sentido de empreendedorismo, inovação, espaço de ideias. Então, peguei um papel e fui anotando 33 nomes de pessoas formadoras de opinião de acordo com a família da minha esposa. Nada formal. E também não era questão de ter dinheiro ou empresa grande. Para entrar na minha lista, a questão era ser gente boa. Porque eu queria fazer amigos. É o conceito de uma rede social, mas presencial”.
O resultado foi uma lista com 99 empresários de todos os níveis – mas “do bem”, como enfatiza Fernandes –, os quais receberam um convite para um happy hour em um bar da cidade, onde foi discutido, de forma organizada, interesses em comum e conteúdos legais. Pronto! Nascia ali o Walking Together, projeto da vida do empresário e que levou ao convite do Pacto Global.
Andando juntos
Aquele encontro no bar, sem grandes pretensões, mas com método, se consolidou como uma rede que cria e opera ecossistemas de conteúdo, entretenimento e negócio, exclusivamente em cidades com menos de 377 mil habitantes no Brasil e o mundo. “Nossa proposta de valor é juntar as pessoas mais gente boa que vivem nos pequenos centros com três motivos: ajudar em causas nobres; fazer negócios; e se divertir. Se um dos três acontecer, o resultado já foi positivo”, avalia o idealizador da plataforma de impacto econômico social presente em seis estados brasileiros e passando por mais de 80 municípios.
A ideia defendida por Fernandes com esse modelo exclusivo para cidades pequenas é que elas são maioria no mundo e precisam ser desenvolvidas, principalmente para enfrentar os grandes desafios globais.
“Muitas pesquisas preveem problemas decorrentes de caos urbanos nos principais centros do mundo. E como podemos ajudar? Iluminando as pequenas cidades, mostrando a sua viabilidade, provando que não é preciso ir para as grandes cidades atrás de emprego, de oportunidades ou de empreendedorismo. Precisamos é desenvolver os pequenos centros para as pessoas ficarem lá, trazendo alternativas”, aponta. O problema, inclusive não faz parte apenas da realidade brasileira, visto que, por exemplo, Portugal já enfrenta desertos habitacionais no interior e a Itália tem casas vendidas a 1 euro para atrair moradores.
Consequentemente, a missão do Walking Together se alinha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU no Pacto Global, em especial o 11º, sobre “Cidades e Comunidades sustentáveis”.
A respeito dele, Fernandes explica que “é uma ODS muito versátil, visto que tudo acontece nas cidades. Mobilidade, educação, clima – tudo se manifesta e se conecta nas cidades. Ou seja: tem muito a ver com o meu projeto de vida que é o Walking Together. Foi isso que eles viram em mim. Que através dos meus movimentos, das minhas ações, eu poderia agregar à causa”.
Signatária do Pacto Global mesmo antes de seu idealizador se tornar porta-voz da ODS 11, os encontros de líderes promovidos pela plataforma agora contam com o momento “Pacto Global da ONU”, buscando disseminar seus princípios, tirar dúvidas e engajar os participantes com as ODS (não só a 11), a partir da avaliação de oportunidades e multiplicando ações.
É assim que Fábio Ennor Fernandes segue liderando esse que vê como um oceano azul para novas oportunidades, além de seu próprio tempo. “Eu busco ter uma vida para colecionar bons momentos e o Walking Together é um bom momento; é ele meu projeto de vida”, define.
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