Durante visita a Ribeirão Preto, a chef de cozinha indígena destacou a importância de preservar os elementos e as pessoas da cultura brasileira que não estão sendo reconhecidos como deveriam
A menos de uma semana do fim da sua 5ª edição, a CASACOR Ribeirão Preto ainda impressiona com as composições de seus 33 ambientes. Contudo, indo mais além, o espaço intitulado “Refúgio da Chef Indígena” provoca os visitantes ao trazer elementos da cultura brasileira que parecem estar sendo esquecidos ou negados, ao mesmo tempo em que presta uma homenagem à indígena Kalymaracaya, símbolo daquilo que insiste em persistir.
“A Thaís [Alves, designer de interiores responsável pelo projeto] conseguiu trazer a aldeia para a cidade. Tem muitas pessoas que não conhecem uma aldeia, mas, chegando aqui, é possível ter um pouco dessa sensação de estar em uma”, reconheceu a homenageada, quando entrou pela primeira vez no refúgio feito sob medida para ela.
Uma das primeiras chefs de cozinha indígena reconhecida no Brasil, especialmente após suas participações em programas gastronômicos como “MasterChef” e “The Taste”, Kalymaracaya veio de Campo Grande (MT) a Ribeirão Preto especialmente para conhecer o ambiente composto por variados elementos que representam a ancestralidade que ela também tenta transmitir por meio das suas criações culinárias.
“Eu procuro trabalhar aquela comida ancestral, que eu digo que é a mais próxima do natural. Então, por exemplo, o aguapé que está plantado na piscina antigamente era o nosso sal, ao qual infelizmente hoje não temos mais acesso. Por isso, pedi para a Thaís colocar o aguapé, porque ele é um símbolo daquele alimento que está esquecido. Mas também tem a minha mandioca plantada em algum cantinho, a batata-doce, os artesanatos. A cozinha [do refúgio] é totalmente indígena. Isso que é a cozinha brasileira e é isso que eu também represento”, afirmou a homenageada, descendente da tribo Terena. Tijolos de taipa na entrada e sons naturais também buscam reconstruir a ancestralidade no ambiente da CASACOR.
Representatividade importa
Mais que uma homenagem, a qual se sente muito agradecida, Kalymaracaya vê no refúgio da mostra o projeto de uma casa que ela ainda sonha em ter e, mais importante, uma forma de despertar o interesse pela cultura que faz parte das raízes brasileiras.
“Até eu mesma pensava: imagina alguém querer um ambiente indígena? E hoje nós estamos vendo muita gente passar por aqui e sonhar em ter um ambiente desses. Então, é isso que eu gostaria: colocar esse desejo nas pessoas, plantar uma sementinha de preservação, de valorização da nossa cultura, porque é o mais importante”.
Da mesma forma, a luta por essa preservação da ancestralidade e valorização de todo um povo tão pouco reconhecido, apesar dos séculos de história e vivências, foi o que levou Kalymaracaya às cozinhas. Para ela, mais que sabor, a gastronomia transmite a mensagem que os indígenas têm capacidade – só faltam as oportunidades.
“Eu procurei a gastronomia porque as pessoas gostam muito de comer. Então, eu dou comida para as pessoas e começo a falar que precisamos de oportunidade. Inclusive, quando é político, eu começo a cobrar. Como cidadã. Porque ainda que muitas pessoas não conheçam nosso jeito de falar, de vestir, de comer, somos um povo que pode desempenhar todas as funções, só que não nos são dadas oportunidades. Tanto que são poucos os indígenas que conseguem trazer essa representatividade que tenho conseguido pela gastronomia e, agora, na mostra”, avaliou, desejando ainda que iniciativas como a de Thaís Alves na CASACOR aconteçam cada vez mais.
Kalymaracaya representa ancestralidade que deve ser mantida viva no Brasil
Durante visita a Ribeirão Preto, a chef de cozinha indígena destacou a importância de preservar os elementos e as pessoas da cultura brasileira que não estão sendo reconhecidos como deveriam
A menos de uma semana do fim da sua 5ª edição, a CASACOR Ribeirão Preto ainda impressiona com as composições de seus 33 ambientes. Contudo, indo mais além, o espaço intitulado “Refúgio da Chef Indígena” provoca os visitantes ao trazer elementos da cultura brasileira que parecem estar sendo esquecidos ou negados, ao mesmo tempo em que presta uma homenagem à indígena Kalymaracaya, símbolo daquilo que insiste em persistir.
“A Thaís [Alves, designer de interiores responsável pelo projeto] conseguiu trazer a aldeia para a cidade. Tem muitas pessoas que não conhecem uma aldeia, mas, chegando aqui, é possível ter um pouco dessa sensação de estar em uma”, reconheceu a homenageada, quando entrou pela primeira vez no refúgio feito sob medida para ela.
Uma das primeiras chefs de cozinha indígena reconhecida no Brasil, especialmente após suas participações em programas gastronômicos como “MasterChef” e “The Taste”, Kalymaracaya veio de Campo Grande (MT) a Ribeirão Preto especialmente para conhecer o ambiente composto por variados elementos que representam a ancestralidade que ela também tenta transmitir por meio das suas criações culinárias.
“Eu procuro trabalhar aquela comida ancestral, que eu digo que é a mais próxima do natural. Então, por exemplo, o aguapé que está plantado na piscina antigamente era o nosso sal, ao qual infelizmente hoje não temos mais acesso. Por isso, pedi para a Thaís colocar o aguapé, porque ele é um símbolo daquele alimento que está esquecido. Mas também tem a minha mandioca plantada em algum cantinho, a batata-doce, os artesanatos. A cozinha [do refúgio] é totalmente indígena. Isso que é a cozinha brasileira e é isso que eu também represento”, afirmou a homenageada, descendente da tribo Terena. Tijolos de taipa na entrada e sons naturais também buscam reconstruir a ancestralidade no ambiente da CASACOR.
Representatividade importa
Mais que uma homenagem, a qual se sente muito agradecida, Kalymaracaya vê no refúgio da mostra o projeto de uma casa que ela ainda sonha em ter e, mais importante, uma forma de despertar o interesse pela cultura que faz parte das raízes brasileiras.
“Até eu mesma pensava: imagina alguém querer um ambiente indígena? E hoje nós estamos vendo muita gente passar por aqui e sonhar em ter um ambiente desses. Então, é isso que eu gostaria: colocar esse desejo nas pessoas, plantar uma sementinha de preservação, de valorização da nossa cultura, porque é o mais importante”.
Da mesma forma, a luta por essa preservação da ancestralidade e valorização de todo um povo tão pouco reconhecido, apesar dos séculos de história e vivências, foi o que levou Kalymaracaya às cozinhas. Para ela, mais que sabor, a gastronomia transmite a mensagem que os indígenas têm capacidade – só faltam as oportunidades.
“Eu procurei a gastronomia porque as pessoas gostam muito de comer. Então, eu dou comida para as pessoas e começo a falar que precisamos de oportunidade. Inclusive, quando é político, eu começo a cobrar. Como cidadã. Porque ainda que muitas pessoas não conheçam nosso jeito de falar, de vestir, de comer, somos um povo que pode desempenhar todas as funções, só que não nos são dadas oportunidades. Tanto que são poucos os indígenas que conseguem trazer essa representatividade que tenho conseguido pela gastronomia e, agora, na mostra”, avaliou, desejando ainda que iniciativas como a de Thaís Alves na CASACOR aconteçam cada vez mais.
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