Parte de um projeto internacional de acolhimento, sete afegãos vieram morar na cidade, onde receberão assistência para estabelecerem suas vidas no país
Mais que uma terra de negócios, Ribeirão Preto pode ser um verdadeiro lar para muita gente que aqui chega. Pelo menos, é isso que sete refugiados afegãos esperam ter na cidade, após inaugurarem oficialmente o apartamento em que vão viver, de início, pelos próximos 12 meses.
Os sete homens chegaram ao Brasil esse ano, requerendo status de refugiados após fugirem do regime do Talibã, no Afeganistão. Em sua terra natal, viviam vidas diferentes: cada um trabalhava em uma área – desde engenharia até para cargos do governo –, alguns deles já com esposas e filhos, em diversas localidades.
Mas em solo brasileiro, fugidos de uma situação de perigo e deixando seus entendes queridos para trás, eles se viram unidos no aeroporto de Guarulhos, onde ficaram por mais de um mês até serem selecionados pela ONG Planeta de TODOS para fazerem parte de um projeto de acolhimento e integração social.
“Vocês sabem como sofremos no Afeganistão e o que passamos no aeroporto, onde ficamos dormindo nos corredores, sem acesso a nada. Foi muito difícil vir para o Brasil. Então, agora, estar aqui [em Ribeirão] é um grande prazer. Muito obrigado”, agradeceu um dos acolhidos durante a inauguração, arriscando a palavra de gratidão em português.
Falantes originalmente do idioma persa, a comunicação desde que chegam ao país tem sido por meio do inglês, que nem todos eles dominam.
Acolhimento estruturado
A missão da ONG criada pelo empresário Tales Vilar, CEO da MaisTodos, junto com o jornalista André Naddeo, é oferecer assistência social a refugiados por meio de moradia temporária e ações de integração sócio-laboral.
Assim, a organização monta moradias totalmente funcionais para pessoas que pedem refúgio (após passarem por seleção) e ali eles recebem educação básica para aprender o idioma, auxílio no processo de asilo e documentação legal, além de treinamentos para que possam arrumar emprego.
Sendo o 1º projeto para refugiados em Ribeirão Preto, o apartamento dos afegãos já está com tudo pronto para eles começarem a vida na cidade. Durante o “open house” realizado no sábado, 9 de março, uma lousa instalada na sala mostrava o plano de aulas de português, que será ensinado de forma mais intensa durante a 1ª semana do projeto – cerca de sete horas de aula por dia.
“Quando você chega a um país que você não conhece a cultura, a primeira barreira é o idioma. Então, a vida normal do Planeta de TODOS consistirá em dois períodos: pela manhã, uma aula de idioma, e depois, à tarde, uma aula sobre outro tema. Mas na 1ª semana serão todas de português. Preferimos esse foco porque queremos dar um gás para que eles possam ter mais autonomia”, explicou Naddeo, diretor da ONG, que já conta com unidades bem-sucedidas na Grécia, na Itália e na Colômbia.
Inicialmente, a casa Planeta de TODOS tem previsão de durar até um ano – tempo no qual é esperado que o grupo consiga se emancipar socialmente. “Nosso objetivo é que essas pessoas não presem mais da ONG depois de um tempo. Por isso, ajudamos poucas pessoas, mas ajudamos muito bem. Eu morei na Grécia quase seis anos, onde trabalhei com muitos afegãos e adquiri know-how de como prestar uma assistência efetiva, a qual percebemos que estava sendo necessária aqui no Brasil também. Escolhemos os afegãos porque existe essa emergência. Mas a Planeta de TODOS já atende 158 pessoas, de 26 nacionalidades diferentes”, explica Naddeo.
Todos dão as boas-vindas
A inauguração foi também um momento de integração dos refugiados com os moradores do prédio no qual o apartamento foi montado, contando com a visita de vizinhos e do sindico. Mas foi ainda uma oportunidade de boas-vindas dadas pela família Vilar, dona da empresa Cartão de TODOS, mantenedora da ONG Planeta de TODOS.
Na ocasião, Altair Vilar, fundador do Grupo, fez questão de ressaltar que o projeto, assim como suas empresas, é orientado pela ideia de solidariedade – e não de caridade. “Queremos ser amigos solidários de vocês. Caridade é quando ajudamos às pessoas às vezes, em momentos específicos, naquela oportunidade. A solidariedade é contínua. Ser solidário significa estar ao lado, acompanhando. Esse é o nosso modelo de gestão da Administração Solidária. É um modelo único no Brasil”, lembrou o empresário.
Por sua vez, deixando claro a alegria que sente ao conseguir trazer para Ribeirão a 1ª unidade do projeto que ajudou fundar em 2016, Tales fez um rápido discurso, no qual afirmou que os refugiados fazem tanto pelas pessoas do projeto quanto o projeto por eles e que “o Brasil é um país com pessoas incríveis e vocês vão gostar demais. Eu espero que tenham uma vida melhor aqui e isso será o indicador do nosso sucesso se acontecer”.
Tanto pai, quanto filho, puxaram o grito de guerra das empresas, o qual os novos moradores de Ribeirão Preto mostraram já saber e entoaram juntos: “um por todos, e todos por todos”.
Começando um novo ciclo
Por fim, o mais jovem dos refugiados, Yahya, foi surpreendido com um bolo, em comemoração aos seus 20 anos, completados em 10 de março. “Vocês estão fazendo a diferença para mudar a nossa vida, para termos uma boa vida. Eu sei que o mais importante para vocês é ‘todos por todos’ e, para mim, isso tem um grande significado, que eu realmente aprecio e agradeço”, afirmou o aniversariante.
A surpresa, que foi seguida por versões do “Parabéns para você” cantado em português e persa, pareceu indicar como deve ser o próximo ano: uma mistura de culturas, desafios e alegrias, que guiam em direção a um futuro melhor.
ONG Planeta de TODOS abre 1ª casa de refugiados em Ribeirão Preto
Parte de um projeto internacional de acolhimento, sete afegãos vieram morar na cidade, onde receberão assistência para estabelecerem suas vidas no país
Mais que uma terra de negócios, Ribeirão Preto pode ser um verdadeiro lar para muita gente que aqui chega. Pelo menos, é isso que sete refugiados afegãos esperam ter na cidade, após inaugurarem oficialmente o apartamento em que vão viver, de início, pelos próximos 12 meses.
Os sete homens chegaram ao Brasil esse ano, requerendo status de refugiados após fugirem do regime do Talibã, no Afeganistão. Em sua terra natal, viviam vidas diferentes: cada um trabalhava em uma área – desde engenharia até para cargos do governo –, alguns deles já com esposas e filhos, em diversas localidades.
Mas em solo brasileiro, fugidos de uma situação de perigo e deixando seus entendes queridos para trás, eles se viram unidos no aeroporto de Guarulhos, onde ficaram por mais de um mês até serem selecionados pela ONG Planeta de TODOS para fazerem parte de um projeto de acolhimento e integração social.
“Vocês sabem como sofremos no Afeganistão e o que passamos no aeroporto, onde ficamos dormindo nos corredores, sem acesso a nada. Foi muito difícil vir para o Brasil. Então, agora, estar aqui [em Ribeirão] é um grande prazer. Muito obrigado”, agradeceu um dos acolhidos durante a inauguração, arriscando a palavra de gratidão em português.
Falantes originalmente do idioma persa, a comunicação desde que chegam ao país tem sido por meio do inglês, que nem todos eles dominam.
Acolhimento estruturado
A missão da ONG criada pelo empresário Tales Vilar, CEO da MaisTodos, junto com o jornalista André Naddeo, é oferecer assistência social a refugiados por meio de moradia temporária e ações de integração sócio-laboral.
Assim, a organização monta moradias totalmente funcionais para pessoas que pedem refúgio (após passarem por seleção) e ali eles recebem educação básica para aprender o idioma, auxílio no processo de asilo e documentação legal, além de treinamentos para que possam arrumar emprego.
Sendo o 1º projeto para refugiados em Ribeirão Preto, o apartamento dos afegãos já está com tudo pronto para eles começarem a vida na cidade. Durante o “open house” realizado no sábado, 9 de março, uma lousa instalada na sala mostrava o plano de aulas de português, que será ensinado de forma mais intensa durante a 1ª semana do projeto – cerca de sete horas de aula por dia.
“Quando você chega a um país que você não conhece a cultura, a primeira barreira é o idioma. Então, a vida normal do Planeta de TODOS consistirá em dois períodos: pela manhã, uma aula de idioma, e depois, à tarde, uma aula sobre outro tema. Mas na 1ª semana serão todas de português. Preferimos esse foco porque queremos dar um gás para que eles possam ter mais autonomia”, explicou Naddeo, diretor da ONG, que já conta com unidades bem-sucedidas na Grécia, na Itália e na Colômbia.
Inicialmente, a casa Planeta de TODOS tem previsão de durar até um ano – tempo no qual é esperado que o grupo consiga se emancipar socialmente. “Nosso objetivo é que essas pessoas não presem mais da ONG depois de um tempo. Por isso, ajudamos poucas pessoas, mas ajudamos muito bem. Eu morei na Grécia quase seis anos, onde trabalhei com muitos afegãos e adquiri know-how de como prestar uma assistência efetiva, a qual percebemos que estava sendo necessária aqui no Brasil também. Escolhemos os afegãos porque existe essa emergência. Mas a Planeta de TODOS já atende 158 pessoas, de 26 nacionalidades diferentes”, explica Naddeo.
Todos dão as boas-vindas
A inauguração foi também um momento de integração dos refugiados com os moradores do prédio no qual o apartamento foi montado, contando com a visita de vizinhos e do sindico. Mas foi ainda uma oportunidade de boas-vindas dadas pela família Vilar, dona da empresa Cartão de TODOS, mantenedora da ONG Planeta de TODOS.
Na ocasião, Altair Vilar, fundador do Grupo, fez questão de ressaltar que o projeto, assim como suas empresas, é orientado pela ideia de solidariedade – e não de caridade. “Queremos ser amigos solidários de vocês. Caridade é quando ajudamos às pessoas às vezes, em momentos específicos, naquela oportunidade. A solidariedade é contínua. Ser solidário significa estar ao lado, acompanhando. Esse é o nosso modelo de gestão da Administração Solidária. É um modelo único no Brasil”, lembrou o empresário.
Por sua vez, deixando claro a alegria que sente ao conseguir trazer para Ribeirão a 1ª unidade do projeto que ajudou fundar em 2016, Tales fez um rápido discurso, no qual afirmou que os refugiados fazem tanto pelas pessoas do projeto quanto o projeto por eles e que “o Brasil é um país com pessoas incríveis e vocês vão gostar demais. Eu espero que tenham uma vida melhor aqui e isso será o indicador do nosso sucesso se acontecer”.
Tanto pai, quanto filho, puxaram o grito de guerra das empresas, o qual os novos moradores de Ribeirão Preto mostraram já saber e entoaram juntos: “um por todos, e todos por todos”.
Começando um novo ciclo
Por fim, o mais jovem dos refugiados, Yahya, foi surpreendido com um bolo, em comemoração aos seus 20 anos, completados em 10 de março. “Vocês estão fazendo a diferença para mudar a nossa vida, para termos uma boa vida. Eu sei que o mais importante para vocês é ‘todos por todos’ e, para mim, isso tem um grande significado, que eu realmente aprecio e agradeço”, afirmou o aniversariante.
A surpresa, que foi seguida por versões do “Parabéns para você” cantado em português e persa, pareceu indicar como deve ser o próximo ano: uma mistura de culturas, desafios e alegrias, que guiam em direção a um futuro melhor.
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