Nos últimos anos, o mundo da moda tem testemunhado uma transformação intrigante, marcada pela ascensão de uma tendência conhecida como “Quiety Luxury”
POR BEATRIZ GERLACK
Historicamente, o conceito de luxo esteve associado à ostentação e ao poder. Durante a Idade Média e o Renascimento, as classes nobres exibiam sua riqueza por meio de roupas opulentas, joias exuberantes e festas extravagantes. Esse luxo era uma demonstração visível de status social, no qual as roupas e os acessórios funcionavam como símbolos de poder e prestígio.
No entanto, no início do século XX, especialmente com o advento da Alta Costura em Paris, o luxo começou a ser reinterpretado. Figuras como Coco Chanel introduziram a ideia de que o verdadeiro luxo poderia estar na simplicidade e na sofisticação discreta, desafiando as convenções da época. O icônico “pretinho básico” de Chanel é um exemplo perfeito dessa mudança, quando a elegância minimalista começou a ganhar espaço. Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por uma reconstrução social e econômica que afetou profundamente a moda e o conceito de luxo. Em tempos de escassez e reconstrução, o consumo ostentatório perdeu espaço para uma abordagem mais refinada e discreta. As pessoas começaram a valorizar a qualidade duradoura e a atemporalidade das peças, em vez de seguir tendências passageiras.
Esse período também viu o surgimento de marcas que enfatizavam o artesanato e a exclusividade, como Hermès e Bottega Veneta, que construíram sua reputação em torno de produtos de alta qualidade e design discreto. Essas marcas ajudaram a moldar o conceito de luxo que conhecemos hoje, onde o valor está nos detalhes e no trabalho manual, e não na exibição de riqueza. Entrando no século XXI, a globalização e a digitalização trouxeram uma nova era de hiper consciência social. A exposição constante às mídias sociais e a cultura de celebridades levaram a uma saturação visual, que tornaram logomarcas e ostentação banais.
Como resposta, surgiu um desejo crescente por autenticidade, exclusividade e uma conexão mais profunda com os produtos adquiridos. Esse desejo coincidiu com um aumento na preocupação com a sustentabilidade e a ética no consumo. Consumidores passaram a questionar a origem e o impacto ambiental e social dos produtos que compravam. O “Quiety Luxury” se alinha perfeitamente com essa mentalidade, priorizando produtos que não apenas tenham uma qualidade superior, mas que também sejam produzidos de forma ética e sustentável.
A pandemia global de COVID-19 se tornou uma catalisadora para essa tendência. Com as pessoas confinadas em casa e as prioridades mudando drasticamente, o conceito de luxo também foi repensado. O foco deslocou-se para o conforto, a durabilidade e a simplicidade – características fundamentais do “Quiety Luxury”. Em vez de buscar a validação externa, as pessoas começaram a valorizar o que trazia conforto e alinhamento interpessoal.
Marcas como The Row, Loro Piana e Brunello Cucinelli, conhecidas por seu compromisso com o artesanato de alta qualidade e uma estética minimalista, emergiram como símbolos dessa nova era do luxo. Elas representam uma rejeição ao consumo de massa e ao excesso, oferecendo produtos que, embora discretos, são inconfundivelmente luxuosos para aqueles que entendem o valor do que é verdadeiramente bem feito.
À medida que os consumidores se tornam mais conscientes e exigentes, o “Quiety Luxury” promete não ser apenas uma tendência passageira, mas sim um novo estilo de vida. O verdadeiro luxo não está mais em exibir o que se possui, mas em possuir algo que tenha um valor intrínseco e duradouro. Essa é a beleza do “Quiety Luxury”, uma tendência que celebra a sutileza e redefine o que significa viver com sofisticação e elegância.
Em um mundo cada vez mais saturado e ruidoso, o “Quiety Luxury” oferece uma pausa, um retorno às origens do que significa realmente apreciar o luxo: não pelo que ele aparenta, mas pelo que ele verdadeiramente é.
Luxo silencioso ou quiety luxury: menos é mais?
Nos últimos anos, o mundo da moda tem testemunhado uma transformação intrigante, marcada pela ascensão de uma tendência conhecida como “Quiety Luxury”
POR BEATRIZ GERLACK
Historicamente, o conceito de luxo esteve associado à ostentação e ao poder. Durante a Idade Média e o Renascimento, as classes nobres exibiam sua riqueza por meio de roupas opulentas, joias exuberantes e festas extravagantes. Esse luxo era uma demonstração visível de status social, no qual as roupas e os acessórios funcionavam como símbolos de poder e prestígio.
No entanto, no início do século XX, especialmente com o advento da Alta Costura em Paris, o luxo começou a ser reinterpretado. Figuras como Coco Chanel introduziram a ideia de que o verdadeiro luxo poderia estar na simplicidade e na sofisticação discreta, desafiando as convenções da época. O icônico “pretinho básico” de Chanel é um exemplo perfeito dessa mudança, quando a elegância minimalista começou a ganhar espaço. Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por uma reconstrução social e econômica que afetou profundamente a moda e o conceito de luxo. Em tempos de escassez e reconstrução, o consumo ostentatório perdeu espaço para uma abordagem mais refinada e discreta. As pessoas começaram a valorizar a qualidade duradoura e a atemporalidade das peças, em vez de seguir tendências passageiras.
Esse período também viu o surgimento de marcas que enfatizavam o artesanato e a exclusividade, como Hermès e Bottega Veneta, que construíram sua reputação em torno de produtos de alta qualidade e design discreto. Essas marcas ajudaram a moldar o conceito de luxo que conhecemos hoje, onde o valor está nos detalhes e no trabalho manual, e não na exibição de riqueza. Entrando no século XXI, a globalização e a digitalização trouxeram uma nova era de hiper consciência social. A exposição constante às mídias sociais e a cultura de celebridades levaram a uma saturação visual, que tornaram logomarcas e ostentação banais.
Como resposta, surgiu um desejo crescente por autenticidade, exclusividade e uma conexão mais profunda com os produtos adquiridos. Esse desejo coincidiu com um aumento na preocupação com a sustentabilidade e a ética no consumo. Consumidores passaram a questionar a origem e o impacto ambiental e social dos produtos que compravam. O “Quiety Luxury” se alinha perfeitamente com essa mentalidade, priorizando produtos que não apenas tenham uma qualidade superior, mas que também sejam produzidos de forma ética e sustentável.
A pandemia global de COVID-19 se tornou uma catalisadora para essa tendência. Com as pessoas confinadas em casa e as prioridades mudando drasticamente, o conceito de luxo também foi repensado. O foco deslocou-se para o conforto, a durabilidade e a simplicidade – características fundamentais do “Quiety Luxury”. Em vez de buscar a validação externa, as pessoas começaram a valorizar o que trazia conforto e alinhamento interpessoal.
Marcas como The Row, Loro Piana e Brunello Cucinelli, conhecidas por seu compromisso com o artesanato de alta qualidade e uma estética minimalista, emergiram como símbolos dessa nova era do luxo. Elas representam uma rejeição ao consumo de massa e ao excesso, oferecendo produtos que, embora discretos, são inconfundivelmente luxuosos para aqueles que entendem o valor do que é verdadeiramente bem feito.
À medida que os consumidores se tornam mais conscientes e exigentes, o “Quiety Luxury” promete não ser apenas uma tendência passageira, mas sim um novo estilo de vida. O verdadeiro luxo não está mais em exibir o que se possui, mas em possuir algo que tenha um valor intrínseco e duradouro. Essa é a beleza do “Quiety Luxury”, uma tendência que celebra a sutileza e redefine o que significa viver com sofisticação e elegância.
Em um mundo cada vez mais saturado e ruidoso, o “Quiety Luxury” oferece uma pausa, um retorno às origens do que significa realmente apreciar o luxo: não pelo que ele aparenta, mas pelo que ele verdadeiramente é.
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