No artigo abaixo, Marc Pottier avalia como os empreendimentos de luxo têm usado arte e técnica para ressignificar os projetos
Segundo o dicionário, a definição de arquitetura pode ser estabelecida como a “arte e técnica de organizar espaços e criar ambientes para abrigar os diversos tipos de atividades humanas”. A partir desta significação, fica fácil entender que a relação entre o mundo da arte e o mercado da construção civil sempre foi extremamente forte – basta pegarmos como exemplo as grandiosas obras arquitetônicas gregas, passando pela magnificência da arquitetura romana até o clímax durante o período renascentista, quando prédios e palácios eram projetados por arquitetos com a colaboração de diversos tipos de artistas, muralistas e escultores.
Todos estes e muitos outros exemplos evidenciam que o casamento entre a arte e o mercado imobiliário é de longa data. No entanto, mesmo que esse fogo tenha perdido forças nas últimas eras, ele tem se reacendido nos últimos anos, a partir de uma nova e poderosa tendência.
Liderado principalmente pelos projetos residenciais de alto luxo, o recente movimento traz uma nova vertente para a relação, colocando a arte de forma externalizada nos empreendimentos, fazendo com que as obras não fiquem reservadas somente ao interior dos imóveis e às áreas de convivência dos proprietários. Dessa forma, as peças se tornam acessíveis a todos, transformando-as em elementos imprescindíveis de revitalização urbana e conexão com a natureza para benefício de todos que residem em volta do imóvel.
Diante dessa ressignificação, não é uma questão somente de adicionar na parede uma pintura bonita ou expor uma escultura fora do prédio como elemento decorativo. Mas sim de realmente apresentar uma proposta forte por meio de obras projetadas e pensadas em parceria entre artistas e arquitetos, a fim de conceber uma narrativa às moradias.
Quando é criada uma arquitetura vinculada a uma narrativa própria, as habitações deixam de ser apenas estruturas funcionais, mas verdadeiras obras de arte que embelezam e ressignificam o espaço urbano à sua volta. Dessa maneira, esses empreendimentos acabam por transcender do comum e se transformam em verdadeiros ícones da cidade.
Além disso, os primeiros sinais deste novo movimento já começam a ser refletidos pelo próprio mercado imobiliário de alto luxo, que vive um momento de aquecimento mesmo na presença de um cenário de altos juros de crédito. Para se ter uma ideia, no 1º semestre deste ano, o segmento se consolidou como o principal destaque nas vendas, crescendo 22,8% para unidades e 9,8% em valores.
Diante de todos estes fatores, posso afirmar que a valorização dos edifícios por meio da arte é uma realidade inegável. Ao integrar obras de arte à arquitetura e ao paisagismo, as incorporadoras estão colocando os seus investimentos além das propriedades, mas em experiências que estimulam os sentidos e o bem-estar não só dos proprietários, mas de todos que convivem à sua volta.
*Texto de Marc Pottier, francês curador internacional de arte contemporânea, especializado em arte em espaços públicos. Atualmente, é coordenador do projeto do futuro Museu Internacional de Arte em Foz do Iguaçu com o coaching do Centre Pompidou.
Curador internacional analisa a aposta do mercado imobiliário em arte
No artigo abaixo, Marc Pottier avalia como os empreendimentos de luxo têm usado arte e técnica para ressignificar os projetos
Segundo o dicionário, a definição de arquitetura pode ser estabelecida como a “arte e técnica de organizar espaços e criar ambientes para abrigar os diversos tipos de atividades humanas”. A partir desta significação, fica fácil entender que a relação entre o mundo da arte e o mercado da construção civil sempre foi extremamente forte – basta pegarmos como exemplo as grandiosas obras arquitetônicas gregas, passando pela magnificência da arquitetura romana até o clímax durante o período renascentista, quando prédios e palácios eram projetados por arquitetos com a colaboração de diversos tipos de artistas, muralistas e escultores.
Todos estes e muitos outros exemplos evidenciam que o casamento entre a arte e o mercado imobiliário é de longa data. No entanto, mesmo que esse fogo tenha perdido forças nas últimas eras, ele tem se reacendido nos últimos anos, a partir de uma nova e poderosa tendência.
Liderado principalmente pelos projetos residenciais de alto luxo, o recente movimento traz uma nova vertente para a relação, colocando a arte de forma externalizada nos empreendimentos, fazendo com que as obras não fiquem reservadas somente ao interior dos imóveis e às áreas de convivência dos proprietários. Dessa forma, as peças se tornam acessíveis a todos, transformando-as em elementos imprescindíveis de revitalização urbana e conexão com a natureza para benefício de todos que residem em volta do imóvel.
Diante dessa ressignificação, não é uma questão somente de adicionar na parede uma pintura bonita ou expor uma escultura fora do prédio como elemento decorativo. Mas sim de realmente apresentar uma proposta forte por meio de obras projetadas e pensadas em parceria entre artistas e arquitetos, a fim de conceber uma narrativa às moradias.
Quando é criada uma arquitetura vinculada a uma narrativa própria, as habitações deixam de ser apenas estruturas funcionais, mas verdadeiras obras de arte que embelezam e ressignificam o espaço urbano à sua volta. Dessa maneira, esses empreendimentos acabam por transcender do comum e se transformam em verdadeiros ícones da cidade.
Além disso, os primeiros sinais deste novo movimento já começam a ser refletidos pelo próprio mercado imobiliário de alto luxo, que vive um momento de aquecimento mesmo na presença de um cenário de altos juros de crédito. Para se ter uma ideia, no 1º semestre deste ano, o segmento se consolidou como o principal destaque nas vendas, crescendo 22,8% para unidades e 9,8% em valores.
Diante de todos estes fatores, posso afirmar que a valorização dos edifícios por meio da arte é uma realidade inegável. Ao integrar obras de arte à arquitetura e ao paisagismo, as incorporadoras estão colocando os seus investimentos além das propriedades, mas em experiências que estimulam os sentidos e o bem-estar não só dos proprietários, mas de todos que convivem à sua volta.
*Texto de Marc Pottier, francês curador internacional de arte contemporânea, especializado em arte em espaços públicos. Atualmente, é coordenador do projeto do futuro Museu Internacional de Arte em Foz do Iguaçu com o coaching do Centre Pompidou.
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